Cada vez que você compra um filhote, morre um animal na carrocinha ou num abrigo.



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Liberdade para as tartas

Da série: "atualizando postagens"...
Joaquim
Janjão e Chico
Não foi fácil tomar a decisão de soltar as três tartarugas que estavam comigo há quase cinco anos. Todas elas foram resgatas de uma vida que não era a que elas mereciam.
O Chico foi a primeira que chegou, junto com a Chica. O casal foi comprado num minúsculo aquário, por um avô para presentear o neto. Elas foram adquiridas bem pequenas, mas foram crescendo e o aquário ficando pequeno. O menino e o avô pensaram em soltá-las em algum lugar mais adequado, mas assim como eu, temiam pela segurança delas e foi então que eu fiquei com as duas. A Chica desapareceu, desmentindo a tradição que diz que tartarugas são lerdas.
Depois veio o Janjão, que apareceu na vila aqui perto de casa. Estava andando pelos becos quando alguém pegou e trouxe para mim.
E por último, o Joaquim, recolhido por maus-tratos, por amigos meus.
Aqui em casa elas viviam numa banheira, soltas, com terra para poder tomar sol, apesar de bater pouco sol. Não era um lugar ruim, mas elas mereciam mais.
Há tempos que vinha pensando se não era melhor elas viverem com mais liberdade. Pensei em soltá-las no Guaíba, mas temia que ficassem presas em alguma rede de pesca ou que fossem pegas apenas por diversão. Os outros lugares que apareciam, sempre tinham algum problema, como ser perto de alguma estrada e elas acabarem atropeladas.
Quando eu menos esperava, meu pai encontrou o lugar ideal para o trio. O laguinho de uma sede de uma Associação que ele frequenta e onde eu já fui muitas vezes, mas nunca havia pensado na possibilidade delas se mudarem para lá. Numa das vezes que meu pai estava lá, conversava com um dos responsáveis pelo local, justamente sobre o laguinho, que havia passado por uma reforma depois que desbarrancou uma parte. Eles arrumaram e colocaram peixes e tinha tartarugas também! Foi aí que meu pai comentou que eu também tinha tartarugas e procurava por um lugar melhor para elas e então, disseram ao meu pai que eu podia levá-las para lá.
O local fica bem pertinho da minha casa, no pé do Morro Santana. Assim que chegamos, ainda dentro do carro, vimos uma tartaruaga enorme tomando solzinho na grama que margeia o lago. Com a nossa presença ela mergulhou e não deu mais as caras.
Soltamos o meu trio nessa mesma graminha. A reação delas foi diferente do que eu esperava.
O Joaquim, que sempre foi meio tímido, foi o primeiro a cair na água. Mas largamos ele na grama e "tchibum!", lá se foi o Joaquim!
Eu achava que o Chico, que sempre foi a mais rebelde, sairia correndo para dentro da água, mas não. Ele ficou parado no lugar, precisou de uma ajudinha para cair na água. Dei um empurrãozinho e aí sim, "tchibum!", lá se foi o Chico!
Já o Janjão, ah, o meu querido João Grandão! Ele sempre foi o mais calmo, carinhoso, gostava que fizessem cafuné na cabecinha dele e que segurasse a patinha. Fiquei segurando ele um tempinho antes de vê-lo ir embora. Conversei e me despedi, agradeci a ele pelo tempo em que ficou comigo, me desculpei pelo meu egoísmo em mantê-los lá em casa, me justificando, pois temia pela segurança deles e pedi que ele fosse feliz ali, ele, Joaquim e Chico. Coloquei-o na água e ele mergulhou. Ficamos olhando e, de repente colocou a cabecinha pra fora, um pouquinho mais adiante e mergulhou de novo. Sentamos na beira do laguinho para observá-los quando apareceu o Janjão bem pertinho da gente e ficou ali, boaindo e, acho que nos olhando.
Fui até a ponte e enxerguei o Chico nadando, já do outro lado do lago. Esse é o Chico! Corajoso e desbravador! O Joaquim, não vi mais. Aqui em casa também era difícil enxergá-lo, passava a maior parte do tempo embaixo d'água.
E assim acaba a minha história com as tartas. Espero que o "e foram felizes para sempre!" seja a história delas.
Janjão antes de mergulhar.
Janjão voltando para se despedir.
Janjão fazendo o reconhecimento do laguinho.
O laguinho.
O Morro Santana e sua ferida aberta, visto do novo lar das tartas.

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